sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Após exumação, corpo do menino Juan, assassinado por PMs, é sepultado novamente

Fonte: o Dia


Rio - O corpo do menino Juan de Moraes foi enterrado às 11 horas desta sexta-feira no Cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A despedida de Juan teve a presença da chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, e do diretor do Departamento de Polícia Técnica, Sérgio Henriques. Os familiares da criança não puderam comparecer à cerimônia, pois estão sob proteção policial após o crime.

Segundo Martha Rocha, ela nunca teve dúvida de que o corpo se tratava de Juan. Ela disse que sua presença está relacionada à impossibilidade da ida de parentes ao cemitério. "A gente queria estar com ele nesse último momento. Está na hora do menino descansar", disse.

A Defensoria Pública confirmou, através de nota, nesta quinta, que, após a conclusão de todos os exames complementares, foi confirmada a identificação do cadáver exumado no dia 17 de agosto, no Cemitério de Nova Iguaçu, como sendo do jovem. A informação foi antecipada pelo Informe do Dia na última segunda-feira.

Foram realizados novos exames de tipagem genética por DNA, cadavérico e antropológico, a pedido do defensor público Antonio Carlos Oliveira, que representa o PM Edilberto Barros do Nascimento, um dos quatro policiais militares presos suspeitos da morte do menor.

A instituição informa ainda que novas perícias feitas foram fundamentais para o esclarecimento de outras questões técnicas diversas sobre a identificação do cadáver. Os novos exames confirmaram graves contradições técnicas periciais e distorções ocorridas durante o inquérito policial, que serão questionadas judicialmente a partir da próxima semana.







Sequência de falhas no caso que chocou o Rio

Operação

Dia 20 de junho, policiais do 20º BPM (Mesquita) vão à comunidade Danon checar informação sobre traficantes. Na ação, Juan desaparece, um rapaz é morto e dois são baleados, entre eles um irmão do menino.

Auto de resistência
Logo após a ação, PMs registram o caso como auto de resistência na 56ª DP (Comendador Soares). Apresentam armas e drogas e não falam sobre Juan.

Demora
O sumiço do menino só vem à tona no dia seguinte após denúncia da família de que ele fora baleado. Uma série de falhas na investigação da 56ª DP, entre elas a demora em pedir perícia para o local, faz o caso ser transferido, uma semana depois, para a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense.

Afastamento
Afastados da rua cinco dias após a operação, os PMs vão para serviços internos no mesmo batalhão. Só ontem eles foram transferidos para a ‘geladeira’ da corporação.

Perícia
A primeira perícia no local só ocorreu oito dias após o sumiço, dia 28. O chinelo que o menino usava no dia 20 foi encontrado. Só então começaram as buscas pelo corpo.

Testemunha
W., baleado no confronto, foi apontado como traficante e ficou cinco dias algemado no hospital. A família comprovou que o rapaz trabalha e ele é incluído no Programa de Proteção à Testemunha só duas semanas após o confronto.

Ossada
Dez dias após o sumiço, dia 30, foi achada a ossada que a perita atestou ser de uma menina. As buscas a Juan continuaram por 4 dias. Muito tempo depois, após dois exames de DNA, a Polícia Civil admitiu o erro.

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