quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Assaltantes se misturam a moradores de rua para roubar turistas no calçadão de Copacabana

Fonte: O Globo

RIO - As areias de Copacabana têm servido de cenário para assaltos a turistas, idosos e banhistas. Policiais militares do 19º BPM monitoram a atuação de criminosos que se misturam a moradores de rua para roubar bolsas, celulares e máquinas fotógraficas. Somente neste mês, que ainda não acabou, 49 pessoas foram presas na Avenida Atlântica, a maioria delas entre os postos 3 e 4, área com extensa faixa de areia, segundo a Polícia Militar.

O assalto mais recente ocorreu no último sábado, quando o leitor Ângelo Gonçalves avistou três homens ameaçando um turista com um facão, por volta das 7h30m. Ele conta que acionou a polícia e os criminosos foram presos. Acostumado a caminhar pela orla, ele relata que os ataques têm se tornado comuns e que os bandidos escondem as armas na areia.

"Já presenciei vários assaltos ali no Posto 3. Eles se aproveitam de turistas e idosos distraídos para agir em bando. Falta policiamento na região, que é turística", observa o leitor.

O comandante do 19º BPM, tenente-coronel Cláudio Costa, admite que a falta de equipamentos para patrulhar toda a orla pode acarretar na maior incidência de crimes na areia. Apenas cinco quadriciclos fazem o monitoramento dos 4,5 quilômetros de extensão da praia. A compra de outros dez veículos está sendo programada para o próximo ano, afirma.

- Os números de roubos tiveram redução de 40%, mas ainda precisamos continuar o trabalho. Como a faixa de areia é extensa, os criminosos têm aproveitado para agir ali - explica.

Nos próximos meses, o 19º BPM planeja agir em conjunto com o Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BpTur). Os assaltos ocorrem com maior frequência após às 18h e são praticados por pessoas de outros estados e da Baixada Fluminense, de acordo com a polícia.

- Não há relação com as comunidades de Copacabana - ressalta o comandante.

A Secretaria Municipal de Assistência Social confirma a versão da polícia sobre a origem das pessoas instaladas na altura do Posto 3. Segundo o órgão, equipes do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), núcleo de apoio à população de rua, já estiveram no local e ofereceram abrigo ao grupo, que recusou. Em sua maioria, afirma a secretaria, são dependentes químicos e dizem trabalhar como vendedores ambulantes ou como catadores na orla. O órgão prometeu intensificar as ações no Posto 3.

Especialista critica ações do município com a população de rua

Para Dário Souza e Silva Filho, sociólogo da Uerj, a presença dos moradores de rua em Copacabana não tem relação direta com as práticas criminosas.

- Os assaltos não são comuns, mas sim a procura de latas de alumínio, esmolas ou donativos nessas regiões. Idosos, doentes mentais, dependentes químicos, desempregados de longa data e crianças não são necessariamente criminosos - explica.

O especialista classifica como 'conflitante' a atuação do município no que diz respeito à população de rua.

- Se por um lado a Secretaria municipal de Assistência Social começou um trabalho focado no chamado acolhimento, por outro, a Secretaria Especial de Ordem Pública trata a população de rua com repressão. O conflito entre estas duas filosofias de atuação não permitem um tratamento moderno nem eficiente, como se vem experimentando nas parcerias que se fazem na Europa entre cooperativas sociais e prefeituras - sinaliza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário