quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Raspas e Restos Interessam… Revelações Decisivas sobre o acidente com o Bonde de Santa Teresa

Fonte: Blog do Paulo Messina


Recebi com exclusividade denúncias seríssimas em relação ao sucateamento dos bondes de Santa Teresa. Quero aqui compartilhá-las com vocês, caros leitores, e conto com sua ajuda para podermos espalhar nas redes e exigir justiça. Somente a sociedade e a opinião pública poderão fazer a diferenta. Todos são importantes e basta um click para encaminhar aos seus contatos.

Com a justificativa de ‘reforma’, os bondes foram retirados da garagem da ‘Central Logística’ (empresa do Governo do Estado que gere os bondes) para serem levados à empresa TTrans, em Três Rios. Contudo, isso nunca aconteceu. A empresa recebeu apenas poucas unidades, 2 ou 3, para que fizesse a engenharia reversa, copiar a parte exterior e fazer, do zero, uma nova versão baseada em VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos). Não houve revitalização nem reforma.

Mas então o que aconteceu com os 18 bondes históricos, com mais de 100 anos, tombados e Patrimônio do Rio de Janeiro? Essa é a pergunta principal de todo carioca, que estava sem resposta. Até agora.





Com a confiança motivada pela denúncia criminal que fiz ao secretário de transportes Júlio Lopes, funcionários – cujas identidades manterei sob sigilo de fonte – me procuraram e denunciaram uma série de supostas ilegalidades, com cópias de documentos e inclusive o local de um ‘cemitério de desova’ de bondes históricos (foto acima). Fomos até o local verificar e fizemos diversos registros. É chocante ver o patrimônio histórico de nossa gente, um dos símbolos do Brasil (e não só do Rio!) ao lado do Cristo e do Pão-de-Açúcar, tratados desta forma. Peças inclusive aparentemente novas e reformadas, como visto abaixo, expostas ao tempo, estragando. Isso é patrimônio público! O relatório que o DETRO fez ao governo do estado tem diversos erros, começando pelas quantidades de bondes que foram enviados à reforma e quantos ficaram na garagem. A verdade está finalmente às claras.



Um documento revelador conta muito bem o que aconteceu com os bondes históricos: uma ata de reunião da Diretoria da Central, que deixa claro que houve o desmanche e sucateamento, doa por valores simbólicos quase 60 toneladas entre aço (20 toneladas) e ferro (40 toneladas) para uma ONG chamada RIOSOLIDÁRIO. Cada bonde pesa 8 toneladas. Se tirarmos a madeira e outros materiais, sobram de 5 a 6 toneladas, portanto o quantitativo é correspondente a cerca de 10 a 12 bondes. Repito: Patrimônio Histórico tombado que foi desmanchado e DOADO (sequer vendido) como sucata. Documento abaixo.




De novo, o problema não para por aí. Este é o primeiro documento (acima) que tem a assinatura do próprio Júlio Lopes, ligado diretamente ao sucateamento dos bondes, que acabou matando pessoas na tragédia de 27 de agosto. A ONG RIOSOLIDÁRIO, que é uma empresa privada, para a qual os bens foram doados, tem à sua frente a esposa do Governador Sérgio Cabral, a Dra Adriana Ancelmo. Não entro no mérito aqui dos valores envolvidos, nem sugiro com isso que haja necessariamente benefício financeiro na transação além do necessário para dar prosseguimento ao belo trabalho social que a ONG faz. Mas o ponto real é: isso não era sucata. Era patrimônio público, histórico e tombado. E o valor de 22 milhões de reais para a TTrans transformar os bondes em VLT? Foi declarado ilegal pelo Tribunal de Contas do Estado. Os escândalos chegaram agora ao seu limite. E a RIOSOLIDÁRIO vendeu as 60 toneladas para empresas e com o dinheiro alimentou seus programas sociais.

Crime de Peculato: ”É o fato do funcionário público que, em razão do cargo, tem a posse de coisa móvel pertencente à administração pública ou sob a guarda desta (a qualquer título), e dela se apropria, ou a distrai do seu destino, em proveito próprio ou de outrem”.

Crime de Improbidade Administrativa: “Causa lesão ao patrimônio público (art. 10) e que atentam contra os princípios da Administração Pública (art.11)”.

Você acha que está configurado? Cabe ao Ministério Público agora investigar e tipificar. E cabe ao governador limpar seu secretariado, se quiser que confiemos neste novo processo de revitalização dos bondes. A mensagem tem que ser clara para a população.

Dos cerca de seis bondes que não foram doados como sucata, um está no museu da Light e os demais continuaram operando sem peças de reposição, como o exemplo do bonde 10, aquele da tragédia. Fábio Tepedino, que assinou o documento de doação logo abaixo de Júlio Lopes, já foi exonerado. Com mais esse crime, não há como esperar nenhuma atitude diferente do governador, senão fazer o mesmo com o próprio secretário, então diretor-presidente da Central Logística.

Ainda estamos analisando os demais documentos que nos foram entregues, relativos a outros bens e não só de Santa Teresa, e vamos publicando as informações conforme as analisamos.

Já avisei a imprensa e enviamos release juntamente com este blog post a todos os veículos. O Ministério Público receberá cópia ainda hoje, na pessoa de seu subprocurador Antônio José, que está responsável pelo inquérito da morte daqueles possoas, bem como o delegado Jansen, titular da 7ª DP, responsável também pelo inquérito na esfera policial.

Abraços,
Paulo Messina

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