Salários atrasados e falta de material são rotina no centro de formação de soldados da polícia militar

Fonte: Jornal Extra


Os problemas no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap) da Polícia Militar não se restringem à falta de uniformes e aos salários atrasados, como o EXTRA vem denunciando desde agosto passado. Os alunos afirmam que precisam gastar dinheiro do próprio bolso para comprar o material de limpeza utilizado nos alojamentos e nas salas de aula. Além disso, itens básicos de asseio pessoal, como papel higiênico, não seriam fornecidos pela corporação.

— Todo mundo carrega um rolinho (de papel) lá para dentro — afirma um aluno.

De acordo com os alunos, a limpeza das instalações é uma cobrança constante dos instrutores. Cada turma, chamada de companhia pela PM, tem que cumprir essas tarefas, que influenciam, inclusive, nas notas que vão receber durante o curso.

— Para não deixar tudo sujo, a gente junta dinheiro e compra os materiais. Não é só desinfetante. Temos que comprar vassouras e escovas também. Cada aluno ajuda com R$ 1 ou R$ 2 — explica outro praça, acrescentando que havia alunos que não tinham dinheiro para ajudar na compra do material no começo do curso.

— Como todo mundo ficou dois meses sem receber os vencimentos, no início do curso, muita gente teve que contar com a ajuda da família, até para pagar a passagem para ir ao Cfap (em Sulacap, na Zona Oeste do Rio) — conta o aluno.

Uso ‘sem parcimônia’

A Polícia Militar nega a informação dos alunos de que não fornece material de limpeza. O Comando do Cfap afirma que os produtos são comprados e repassados às companhias do centro, que têm um efetivo médio de 500 alunos, cada. O comando admite, porém, que pode ocorrer a falta de material, justificando-a da seguinte forma, em nota oficial: "É comum que este material seja usado sem parcimônia ou mesmo apropriado pelo primeiro usuário, gerando dificuldades em sua reposição".

Apesar das dificuldades de reposição do material de limpeza, a PM afirma que não obriga nenhum aluno do Cfap a ter esse tipo de despesa. Sobre o pagamento dos dois primeiros meses em atraso, a corporação já afirmou que ele será regularizado em breve.