segunda-feira, 7 de novembro de 2011

USP pode processar alunos maconheiros por danos e roubos à reitoria

Fonte: Folha Online


O procurador-geral da USP, Gustavo Ferraz Mônaco, não descarta a hipótese de abrir processos administrativos e cíveis contra os alunos que invadiram a reitoria, se ficar provado que houve destruição ou roubo de objetos da instituição.

Os estudantes se comprometeram a reparar estragos causados e a limpar o prédio --se fizerem isso, podem evitar punições, afirma Mônaco.

Caso haja algum indício de vandalismo ou roubo, por exemplo, a USP pode tentar identificar os responsáveis e pode acioná-los judicialmente.

Apesar disso, um acordo firmado na reunião de conciliação convocada pela Justiça, no sábado (5), impede que os três membros da comissão de negociação dos invasores sejam processados por participar da ocupação (foam negociar mas tiraram seus respectivos bumbuns da reta).

O aluno de ciências sociais Alexandre Guimarães, 21, membro da comissão de negociação, diz que os estudantes temem ser punidos.

Para ele, a reitoria "persegue os alunos que fazem parte de movimentos políticos".

O prédio foi invadido na última terça-feira, como protesto contra a presença da PM no campus universitário.

O movimento começou no dia 27 de outubro, quando policiais detiveram três estudantes flagrados com maconha. Solidários, outros alunos tentaram soltar os colegas. Virou pancadaria.

"Acesso Livre. Seja Bien Venido", assim, em portunhol, avisa a faixa afixada na reitoria. Não é para valer.

Ao se aproximar do portão do prédio, a reportagem depara-se com a barreira humana formada pela "Comissão de Segurança" -seis ou sete jovens nervosos, monossilábicos, mascarados.

Logo, um grandalhão levanta-se de uma das poltronas de couro da reitoria onde, há poucos minutos, se refestelava: "Proibido entrar. Afaste-se. Depois dos cavaletes", adverte, ameaçador. O "segurança" tem o rosto coberto por uma camiseta preta, à moda tuaregue.

A tensão se exacerba quando o iPhone da repórter, vibrando, emite aquele brrrrr característico de quando recebe um e-mail. "Desliga isso, desliga esse gravador, porra", impõe o tuaregue do Butantã, olhando desconfiado para o aparelho. A cena se repetiria várias vezes -brrrrr, "desliga o gravador"; brrrrr, "desliga o gravador".

"Acabou o amor", informa outra faixa. Percebe-se.

CORRENTES

Três correntes ultrarradicais, esquerdistas "talibãs", compartilham a direção política do movimento com alguns chamados "independentes" (sem-partido).

Tem o MNN (Movimento Negação da Negação), desafio à lógica formal, e os autodenominados trotskistas do Partido da Causa Operária e da Liga Estratégia Revolucionária.

São principalmente desses grupos os membros da "segurança". Na hora do almoço, militantes do PCO tiram as camisetas que lhes cobrem o rosto, para ir logo ali, vender o jornal "Causa Operária" no restaurante universitário.

Alguns independentes dispõem-se a conversar com a reportagem, desde que não sejam identificados. Muitos já sofrem processos administrativos e receiam a expulsão da universidade.

Os vídeos que registram a invasão mostram que a primeira providência dos invasores, depois de arrombar as portas, foi quebrar as câmeras de monitoramento.

Esses independentes explicam que a invasão organizou-se em comissões. Tem o pessoal da segurança (encarregado das caras feias), da infraestrutura (responsável pela comida, lixo, limpeza) e da comunicação (que redige os comunicados, mas nem ouse fazer-lhes perguntas; eles não respondem).

No meio dos jovens mascarados e tuaregues, de repente, aparece uma senhora, divertida com o baile à fantasia em que se transformou a mobilização estudantil.

Ela também invadiu a reitoria, mas há quase 30 anos, em 1982, em plena Ditadura Militar, e sem máscaras.

Agora, foi acompanhar a filha mascarada, estudante de História: "Pouca gente, não é?"

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