Rio - A Escola Estadual Professor Daltro Santos, em Bangu, Zona Oeste, foi invadida na manhã desta sexta-feira por traficantes em fuga de operação policial. Cerca de 600 alunos do Ensino Médio foram retirados da unidade para facilitar a localização dos criminosos. Um bandido foi encontrado na escola. Além dele, outros três suspeitos foram presos na operação e um homem morreu. Elton da Costa, o Quebrado, 28, morto a tiros, seria o braço direito do traficante Matemático, um dos mais procurados do Rio.
Cristiano Patrick Matias Oliveira, 25 anos, foi encontrado em um matagal e Rafael de Queiroz Ferreira da Silva, o Doim, 26, em casa. Reinaldo Procópio Mendes, 33, foi localizado no calçadão de Bangu. Ele passeava com a mulher grávida para despistar, mas foi identificado pela camisa da seleção argentina.
Traficantes das favelas Vila Aliança, Coreia e Rebu utilizaram a escola como rota de fuga após serem surpreendidos pela ação da 34ª DP (Bangu) e do 14º BPM (Bangu). A operação foi realizada para enfraquecer o grupo, que tenta dominar pontos de venda de drogas na comunidade vizinha Vila Kennedy. A polícia apreendeu dois fuzis, cerca de mil projéteis e 790 trouxinhas de maconha.
Aulas suspensas
A invasão aconteceu quando as salas estavam cheias e provocou pânico entre alunos, professores e funcionários. As aulas foram suspensas temporariamente na unidade e nos colégios estaduais Bangu e Collechio, que ficam próximos. O tio de uma aluna reclamou: “É um terror saber que um parente pode ser vítima na escola”. Uma cozinheira gritava pedindo que Deus protegesse sua filha na escola.
Os estudantes foram retirados aos poucos da unidade, que foi cercada pela polícia. Para evitar a fuga dos bandidos, os jovens precisaram se identificar na saída. Os funcionários da unidade também passaram por averiguação.
Com o uniforme roubado de um faxineiro da escola, um suspeito se escondeu quando os funcionários começaram a ser identificados. Wilson Garcia Soares Júnior, o Shrek, 27 anos, estava trancado no banheiro do último andar do prédio. A polícia encontrou com ele um fuzil AR-15.
“O mais importante é deixar bem claro que escola não é lugar de vagabundo armado. Todos eles têm filhos, que provavelmente estudam em uma escola pública. Perguntei se achava certo invadir uma escola, e ele me pediu perdão”, contou a delegada Márcia Julião, da 34ª DP.
Barricada e ameaça
Ao apreender o radiotransmissor de um dos suspeitos presos, a polícia conseguiu interceptar a comunicação entre os bandidos. Eles trocavam mensagens afirmando que iriam atear fogo em veículos de passeio, da polícia e em pneus. A ação seria uma retaliação contra a prisão e a morte de cinco moradores de Vila Aliança.
Uma barricada foi montada em um dos principais acessos à favela, a Estrada do Taquaral. Uma barreira feita de pedaços de madeira e pneus foi incendiada em plena via.
De acordo com o comandante do 14º BPM, coronel Alexandre Fontenelle, se os bandidos fizerem uma retaliação, a Vila Aliança será totalmente ocupada. “Se isso acontecer, estaremos ocupando toda a comunidade por tempo indeterminado”, garantiu.
Sem data definida para instalar UPP
Moradores pedem Unidade de Polícia Pacificadora no complexo de favelas. Mas o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, deixou claro que não há data definida para instalar a UPP na região. “Há um planejamento e não há data específica”.
A Secretaria de Estado de Educação ressaltou que nenhum aluno ou professor foi feito refém na unidade, e que não houve danos ou furto de equipamentos. Em nota, afirmou que entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública para garantir proteção nos colégio da rede.
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