terça-feira, 8 de novembro de 2011

Esquema de corrupção na Polinter permitia que presos saíssem da cadeia para cometer crimes

Fonte: O Dia


Rio - Presos saindo para cometer crimes, comer em restaurantes e até tratar de negócios pessoais. Essas foram algumas das descobertas feitas na operação desta terça-feira que desbaratou uma quadrilha que negociava facilidades nas carceragens da Polinter. A ação foi feita pela Corregedoria Geral Unificada (CGU), Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) nos municípios do Rio, Teresópolis, Friburgo, São Gonçalo, além da Baixada Fluminense.

Até o início da tarde, 12 pessoas haviam sido presas e 4 policiais estavam foragidos. Segundo informações do Ministério Público, um dos presos sob custódia da Polinter chegou a sair da carceragem para realizar um roubo a mão armada no Leblon, na Zona Sul do Rio. O criminoso teria arrecadado no assalto R$ 8 mil, em um crime conhecido como saidinha de banco. Outro preso teria chegado a sair de uma das unidades da Polinter para tratar da abertura de uma franquia em um shopping center de Niterói.

"Ele eram encarcerados como qualquer outro preso, mas, eles tinham o benefício de sair para praticar atos comuns e até aproveitar de bebida e comida fora da cadeia", afirmou o promotor Décio Alonso em entrevista ao RJTV.

Investigações duraram três meses

A ação realizada nesta terça-feira visa cumprir 16 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. A expectativa da polícia é que os integrantes da quadrilha que ainda não foram presos, se entreguem. As investigações duraram quase três meses e começaram na Polinter de Nova Friburgo.

Segundo o delegado Marcelo Fernandes Rodrigues, da Corregedoria da Polícia Civil, a quadrilha exigia propina para realizar transferências ou permanência dos presos nas carceragens. Dessa maneira, o bando direcionava para onde os presos seriam enviados. O grupo também é acusado de extorquir dinheiro de parentes e de presos afim de garantir mordomias nas carceragens. O valor da hora da visita íntima cobrado pelo grupo era de R$ 10.

O delegado Renato Soares Vieira, coordenador do Núcleo de Controle de Presos da Polinter (Nucop), foi preso na ação, batizada de "Faraó". Segundo a polícia, Renato seria o responsável pelo esquema. São acusados de envolvimentos os policiais Antônio Carlos de Jesus Fernandes, conhecido como Antônio Branco, Geraldo Gontijo Farias, Ernane de Souza Gomes, Luiz Cláudio Pereira, Marcelo de Nazareth, Argemiro Garcia Correia e Eli Carneiro Machado.

Lúcio Paulo Nunes Ribeiro e Francisco Guilherme de Azevedo, que estavam em liberdade condicional, também foram detidos. Para os agentes, Lúcio seria o supervisor do esquema. Uma servidora terceirizada do Nucop, responsável pelo setor pessoas e identificada como Tamiris Santiago da Silva, foi presa. Quatro homens com mandados de prisão já estavam detidos. São eles Claudemir de Souza Ferreira, detido no Grajaú, Luis Flávio Júnior, em Neves, São Gonçalo, Igor Filipeck e Zuelandres Batista dos Santos Filho, ambos presos em Água Santa.

Segundo o delegado Marcelo Fernandes Rodrigues, da Corregedoria da Polícia Civil, nove mandados de prisão são para policiais, sendo sete inspetores, um oficial de cartório e um delegado, já preso.

Agentes foram até a casa que seria do inspetor civil Antônio Carlos Ferreira, na Estrada Caneca Fina, em Guapimirim, na Baixada Fluminense, cumprir mandado de prisão e busca e apreensão. Contudo, ao chegar no local, policiais foram informados que o acusado não mora na residência. Nos fundos da casa foram encontrados móveis e calçados, que pertecem ao atual dono da casa, um comerciante da região.

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